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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Momentos difíceis


Na sua juventude, recém casado e eu com apenas 3 anos de idade ele passou por momentos muito difíceis. Naquela época ele perdeu seu pai e tinha sido traído por seu sócio e amigo de infância no negócio que tinham juntos. Eles tinham montado uma gráfica juntos. O seu "amigo da onça" agiu desonestamente e "passou a perna" no meu pai. O pai perdeu seu negócio, emprego, ficou com dívidas e ainda teve a notícia de que seu pai havia falecido.
Foi uma fase difícil para ele e minha mãe. Ele me comentava que pensou várias coisas ruins, mas que Deus o lembrava da responsabilidade que ele tinha sobre minha vida e a vida de minha mãe. Quem o ajudou muito nessa época foi o Padre Luis Cappone que havia apoiado o empreendimento dos dois jovens, pois ambos foram criados e educados por ele. O padre também ficou no prejuízo, pois nunca viu a cor do dinheiro que havia investido na empresa. O padre deu o restante dos recursos financeiros que tinha na sua poupança para o meu pai poder, pelo menos, alimentar sua família durante algum tempo.
Ficou alguns meses procurando emprego sem sucesso, um dia, já sem esperanças, bateram na porta de casa dizendo que havia uma entidade filantrópica chamada "Lar dos meninos" e eles planejavam montar uma gráfica para angariar recursos para manter a referida entidade. Meu pai decidiu ir conversar com o responsável pelo projeto, o Dr Calos Gonçalves, como o chamavam na região. O Dr Carlos era um homem metódico, organizado, trabalhador e competente e precisava de alguém na mesma linha. O pai conversou com ele e o Dr Carlos apresentou a realidade para o pai. A gráfica era muito incipiente e não havia funcionários. Se o pai aceitasse teria que começar do zero e sozinho. Era um desafio!
O pai aceitou e começou o projeto.
Ele trabalhou na gráfica por muito tempo só. Desempenhava as funções de gráfico, vendedor, contador, faxineiro, etc. Com o tempo e com a MÃO DE DEUS, o negócio começou a acontecer. A gráfica começou a andar com as próprias pernas e manter financeiramente dois orfanatos e um asilo. O pai trabalhou na gráfica lar dos meninos durante TODA SUA VIDA DE GRÁFICO, foram em torno de 40 anos. Liderou a empresa com muita competência e empreendedorismo. O que mais me chama a atenção é que o fruto do trabalho de meu pai gerava recursos para as famílias de, mais ou menos 10 funcionários que ali trabalhavam diretamente, 2 orfanatos, 1 asilo e ainda havia recursos que eram investidos exporadicamente em outros projetos sociais.
Glória a Deus!
O que aprendi com isto? Que os momentos difíceis ocorrem na vida de uma pessoa para nos aperfeiçoar e nos tornar instrumentos de Deus mais eficientes. A coragem de um homem não está em enfrentar outros homens com a força de seu braço, MAS SIM EM DAR A VOLTA POR CIMA sem precisar pisar em ninguém, pelo contrário, ajudar a levantar os que estão caídos e esquecidos.
Um homem de verdade prova sua valentia com trabalho honesto, princípios Cristãos e resultados paupáveis. O meu pai foi um homem de coragem e fibra.
O antigo sócio desonesto acabou falindo e a gráfica Lar dos Meninos ficou, durante décadas, como a gráfica de mais renome da cidade.
Por hoje é isso! Deus os abençoe!

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